Ele é um cara legal com um monte de problemas. O maior deles o leva a deixar a sua casa e viajar para algum outro lugar que não inspira muitas perspectivas. Atolado de trabalho e frustrações outras, ele mal repara na mulher dubiamente interessante que encontra no caminho. Ela é: bonita de uma forma esquisita, o cabelo meio desgrenhado e o corpo mal vestido; atrapalhada, mas perspicaz, conduz diálogos de nada naturalistas que o fazem sorrir, sem querer; solteira, é claro, possivelmente esta condição envolve um grande segredo – em suma, as respostas para os problemas dele.
O encontro deles tem uma boa probabilidade de ser, literalmente, um acidente. Afinal, todo mundo derrama o café ou desequilibra no metrô precisamente em cima de um grande galã.
Meus avós se conheceram em um ponto de ônibus, meus pais eram vizinhos, meu namorado lutava tai-chi. Acho que é assim com o amor mundano: sans glamour.
Certo, depois ter os problemas resolvidos pela pura força do amor, ele fica em dúvida: larga a vida perfeita, a noiva loira, os convites (já pagos) do casamento para dividir a vida com essa perfeita estranha? Afinal, o que eu faria no lugar dele, pensa, dramaticamente, o espectador, cheio de expectativa (com o perdão do trocadilho). É a parte do filme em que vem a lição de vida. Ecce:
*Aviso de spoiler*
Em “Forças do destino”, Ben Affleck descobre que a vida não é feita de momentos em que alguém se sente completo, mas daquilo que tem relevância no dia-a-dia.
Em “Tudo acontece em Elizabethtown”, Orlando Bloom descobre que a vida não tem de ser necessariamente feita do cotidiano que nos oprime, mas dos grandes momentos em que somos inteiros.
Em “As pontes de Madison”, aprendemos que, qualquer que seja a sua resposta para um dilema, ela está errada.
Em “Ela é demais”, “Nunca fui beijada” e “Grease”, o importante é trocar as suas roupas: isso faz de você uma pessoa melhor.
“Cidade dos anjos”: se você vai largar a imortalidade angelical por uma vida ordinária do lado do seu amor, verifique se ela tem a mesma consideração.
Em “Abaixo o amor“ e “Dez coisas que eu odeio em você”, devemos esquecer o quanto odiamos uma pessoa e parar para pensar no potencial que temos, eventualmente, de amá-la.
“Titanic” se você conhece, no navio, um cara que se diz o rei do mundo, e afirma que você está voando, são sinais ancestrais e inequívocos de uma hecatombe iminente.
Em “Don Juan de Marco”, tudo é uma questão de julgamento: se você conhece um cara que parece o Johnny Depp que quer se passar por um lorde espanhol, mas tem um péssimo sotaque, ele provavelmente é louco.
Em “Armadilha”, aprendemos que, o que quer que façamos de importante, sempre haverá alguém para reparar nas nossas bundas.
“Uma linda mulher” te ensina a nunca mais ver um filme da Julia Roberts que não seja “Closer”.
“Closer”não te ensina nada.
Em “Simplesmente amor”, fica finalmente declarado que o verdadeiro primeiro ministro do Reino Unido sempre foi e vai continuar sendo – ainda que secretamente – Hugh Grant.
“Ligações perigosas”: a perversão não compensa.
“Ghost – do outro lado da vida”: fazer vasos não é sexy.
“Segundas intenções parte 2” são terceiras intenções.
Já “Brilho Eterno de uma mente sem lembranças” grita “Por favor, não pinte o seu cabelo de azul quando tiver na fossa: provavelmente, você nunca mais o terá de volta, nem em 10 anos, quando você já tiver limpado sua memória em uma empresa obscura de nome latino”.
“Meu primeiro amor, parte 1”: em um filme sem o Zé Colméia, abelhas são, necessariamente, perigosas.
“Meu primeiro amor, parte 2”: piche não é divertido.
“O diário de Bridget Jones”: dietas estão em baixa, o legal é usar calcinha de vó.
“Quatro casamentos e um funeral”, qualquer semelhança com outra comédia do Hugh Grant não é mera coincidência.
“O diário de Bridget Jones – parte 2”, qualquer semelhança com outra comédia do Hugh Grant não é mera coincidência.
“Um grande garoto”, qualquer semelhança com outra comédia do Hugh Grant não é mera coincidência.
“Um lugar chamado Notting Hill”, qualquer semelhança com outra comédia do Hugh Grant não é mera coincidência.
“Letra e música”, qualquer semelhança com outra comédia do Hugh Grant não é mera coincidência.
“Alta fidelidade” grandes trilhas sonoras não fazem grandes filmes.
“Mais estranho que a ficção” não tenha sua vida narrada pela Emma Thompson, ingleses são muito dramáticos.
“Razão e sentimento” – o melhor é um meio termo entre os dois, os ingleses são muito dramáticos.
“Rambo” - não existe amor no Afeganistão. O subtítulo deveria ser: há uma diferença semântica entre afago e afegão.
Em “Orgulho e Preconceito”, o século XIX, na Inglaterra, era realmente divertido, mas procurar marido demais causa anorexia.
“Chocolate”: se você se apaixonar pelo Johnny Depp e ele por você, coma chocolate.
“Doce novembro”: Carpe Diem, na verdade, é sobre a iminência da morte.
“Por uma vida menos ordinária” – não deixe Deus se meter nos seus negócios.
Em “A bela adormecida” aprendemos a utilidade real da escova de dentes.
“Amores Brutos” é uma propaganda de airbags.
“Procura-se Amy” te ensina muitas coisas, e eu não tenho teorias sobre ele.
Em “Volver”, descobrimos como disfarçar um parricídio, caso o grande amor não seja bem o que parece.
Em ”Piratas do Caribe 3– no fim do mundo”, se o amor da sua vida faz um estranho pacto com forças marinhas dominadas por uma deidade batizada como uma banda paraense, não se aflija: em dez anos, depois de ter um filho quase órfão, você vai parecer exatamente como quando você tinha 17.
“Extermínio” e “Madrugada dos mortos”: quando o seu amor virar um zumbi, por favor, não hesite em matá-lo, mesmo que carregue o seu filho.
8 comentários:
INFÂÂÃÂÂÂÂÂÂMIA!
HAHAHAHAHAH
demais, quel!!!
ou, 'letra e música' não é tão ruim afinal.. só é ruim mesmo hehehe
como assim, letra e música é ÓTEMO! qualé, gente, o hugh grant rebolando é demais!
muito bom!!
morri de rir!
Sabia que o Heron era critico de cinema?!
ahahahaha
genialidades parrinísticas.
Mas discordo de algumas coisas. Coisinhas.
Hasta
que heron? o meds?
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