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terça-feira, 2 de março de 2010

road to the oscars '10

ESTAMOS EM busca de assistir todos os filmes que estão concorrendo ao Oscar este ano. para variar, nem todos estrearam ainda no Brasil, incluindo o que possivelmente dará a Sandra Bullock o sua primeira estatueta.

ainda bem que eu não gosto da Sandra Bullock tanto assim, e acho que a Merryl Streep devia levar outro oscar pra casa pela sua surpreendente atuação em Julie e Julia. quanto mais medíocre o filme, mais o ator pode se destacar...

a única categoria que consegui completar foi "melhor animação", que realmente é a que traz os melhores filmes do ano. Coraline é maravilhoso, o Sr. Raposo é demais, mas UP! é sem dúvida o melhor filme de animação de todos os tempos. ponto.

melhor filme está fadado a ser Avatar, com seu roteiro medíocre e suas estripulias técnicas, e o oscar de melhor ator coadjuvante deve ser de Christopher Waltz, por seu monólogo sem precedentes em "Bastardos Inglórios".

melhor filme estrangeiro com certeza é onde estão as surpresas: O segredo dos seus olhos é um filmaço, com toda a força do novo cinema argentino, sem ser thriller demais, nem sentimental demais, nem crítico demais. um filme latinoamericano BOM, que você vai querer guardar na estante.

mas, infelizmente, vai ter que perder para "A fita branca", que é um filme surpreendente. assisti ontem e ainda estou impressionada. de uma sutileza avassaladora, tanto na direção quanto no roteiro, cuja história, na verdade, não é aquela que está sendo contada.

assisti educação também, que me impressionou, mesmo sem ser um filmaço. hoje é dia de assitir "um homem sério" e "amor sem escalas", num ano que está me convencendo de não ter sido tão medíocre.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

ACABEI DE voltar de ver "Educação", numa sessão no cine bombril em que o projetor falhou três vezes. se eu não estivesse sozinha, talvez tivesse me irritado, mas não. a solidão revoga o constrangimento de ter que dizer as coisas certas, tecer os comentários perspicazes que provocam respeito e empatia.

sem querer, era um pouco sobre isso que o filme dizia. não era o tema central -- nunca é, meu deus, o tema central o que nos desperta no cinema, pelo menos a mim, que já entro na sala de cinema desconfiada. o tema central é a destruição da autonomia feminina, para uma geração em que o casamento foi uma verdadeira tragédia.

hoje em dia, tragédia é querer casar, e a gente se vê tendo que justificar porque uma moça de 25 anos resolve se casar, assim, "tão nova".

e outra coisa é o que esperar da vida adulta, quando você é criado para um tipo de cultura que, como mesmo diz o filme, é difícil dizer o que é bom e o que não é, ou seja, na qual temos que nos valer de um bom gosto que nos identifique como merecedor. eu sou escolhida, eu sou diferente, meu pai acha que eu tenho que ir pra oxford, meus professores se desesperam quando eu, aparentemente, ponho tudo a perder com um casamento.

o problema é essa educação que nos propõe sermos melhores que os demais. é isso que chamamos de "bom gosto".

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

To latin, or not to latin?

Oi, mundo.

Tentei tirar umas férias, mas a coisa começou a ficar complicada de repente. Lição de 2009 é: apesar do que parece, você NÃO consegue fazer tudo o que quer de uma vez. Principalmente, se você fez letras e seu ideal de vida é ter muito tempo livre para ler todo o cânone ocidental.

Acabei de voltar da casa da minha avó (e passei por Caratinga, foi muito engraçado), um lugar onde as mulheres e as mães se sentem obrigadas a cozinhar, lavar e passar para os demais, digo, homens feitos e filhos também adultos. Onde o iogurte fresco está na cotação 1994, quando se podia efetivamente comprar alguma coisa com trinta centavos. E, afinal, onde não existe nenhuma livraria e as temperaturas podem chegar alegremente aos 40 graus, mínimas de 28.

Conclusão: li um livro por dia. Meu repertório foi adicionado por Simenon (não gostei), K. Dick (também overrated) e Shakespeare -- que me provou por A mais B algo que já tinha certeza desde 2008 e que agora pode ser anunciado em alto e bom som, para o terror da mais alta tradição crítica literária brasileira. Eu digo: não. Capitu não traiu o Bentinho, Helen Caldwell estava certa all along. Quem ainda defende aquele trapo desgraçado pode ler Othelo, quando a pobre Desdêmona pede por favor que o mouro a mande ao exílio para morrer.

É isso, basicamente.

Também aproveitei o tempo livre e a tradição exageradamente matriarcal da minha família para me atualizar nos grandes clássicos da sétima arte e assisti "A malvada", com a Bette Davis. Genial, genial. O que só prova que tudo o que é bom do cinema já foi feito antes dos anos 70. Vi também "El secreto de tus ojos", um filme policial argentino com o popstar Ricardo Darín, também muito bom. E "Onde moram os monstros", oferecido gentilmente pela feirinha do paraguai, antes de entrar nos cinemas no Brasil. Também imperdível.

E no cinema, vimos Avatar, que misteriosamente ganhou o globo de ouro de melhor filme (a Sandra Bullock ganhou melhor atriz, meu deus, que ano foi 2009, viu?). Aliás, Merryl Streep ganhou mais um globo de ouro: só imagino ela saindo das premiações com um saco cheio de prêmio e tendo uma parede em casa feita de ouro de Oscar derretido.

Vimos Vício Frenético, mais um filme empobrecido por essa tradução PORCA que os publicitários -- que, aliás, ganham muito mais que os pobres tradutores bolivianos vivendo em regime de semi-escravidão -- fazem. Mas muito bom, muito bom. Get those iguanas out of my coffee table. Finalmente posso justificar por que gosto tanto do Nicolas Cage.

Agora eu tenho que voltar ao trabalho. Boas férias para vocês, se aplicável. Senão, bom, feliz 2010.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

my heart will go on and on

pra comemorar o oscar da kate - quase chorei - assisti ao clássico dos clássicos, o brega dos bregas, o único e inesquecível...



TITANIC!

o flashback 1998 me fez perceber que sim, superamos muito da breguice original steven spilberg/james cameron, que tudo que existe tinha que ser um épico e todas as musicas parecem a trilha do jurassic park.

ainda assim, a cena inaugural do titanic é breathless - quando a kate sai do carro, com aquele chapéu lindo, aquele cabelo vermelho, reclamando de tudo.


"but inside i was screaming"

a canastrice só aumenta, enquanto rose se mostra uma mulher culta e moderna, inteligente e rebelde, inadaptável àquela sociedade tétrica e superficial. o ponto alto é quando ela leva o madmoseilles de avignon do picasso pra dentro do quarto dela, junto com um van gogh, um monet e mais outros quadros de cartão postal. "mas isso não é arte, minha querida". fantástico.

se sentindo, entao, engolida por esse universo hostil, ameaçada pela violencia do marido machista e inflexível, ela resolve se jogar. do navio.

a rebelde e suicida kate winslet é salva pelo personagem mais insuperável do cinema, já que leonardo di caprio nunca se livrará do encosto de ... jack dawson, um artista incompreendido e dorme-sujo, que devia ser fedorento e ter piolho, mas de repente parece circular muito bem nos meios grã-finos da alta sociedade titaniquense. nunca esqueceremos aquele gel, leo.



as próximas duas horas são óbvias. como diria o puckhin, o leitor me poupará de descrever o final. até porque não existe uma santa alma que nunca tenha visto taitâniqui. o que, sim, precisa ser dito é que o flashback nos mostra claramente a diferença dos padrões de beleza do final do século xx pra hoje:



só olhar pra kate nesse vestido - e que vestido - pra saber que nos anos 90, nós gordinhas tínhamos um lugar ao sol. ninguém morria de anorexia por aí, nem saía se regozijando por ser um manequim 0.

além disso, só nostalgia...

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

gente, voces vao rir de mim, mas e serio (nao tem acento neste teclado horrivel): to muito frustrada. duas coisas que eu acompanho todo ano: uma e o oscar, que eu nao vi virtualmente nenhum dos filmes concorrentes, e o carnaval, que foi especialmente doloroso porque eu perdi o chewbacka na sapucai e o atropelamento do carnavalesco pelo seu proprio carro abre alas. e ate poetico: estou me sentindo como se tivesse sido atropelado... dramatico.

todo carnaval tem um carro pegando fogo, uma gostosa que cai de cima do carro, a calcinha que cai, a bateria que se atropela, o cantor que perde a voz, ou alguem da velha guarda que morre. eu ouvi uma mulher dizendo que fez novena na casa dela depois da morte do jamelao e mais nao sei quanto tempo sem sair de casa, etc etc etc essas conversas de ponto de onibus.

e quanto ao oscar, tudo correu bem sem mim: dona kate levou seu merecido e o heath...

so pra nao deixar em branco, o oscar da pe foi tao irrelevante que na lista dos premiados publicada pela folha, ela apareceu por ultimo: atras do figurino e da edicao de som.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

e não é que...

... o rená tinha razão?

"El caso de Heath Ledger, firme candidato a convertirse en el segundo actor muerto en ganar un Oscar, después de Peter Finch en 1976, confirma el fenómeno de aquellos pocos artistas consagrados y erigidos en mitos después de su propio deceso. La eterna fascinación por la muerte."
de la revista ñ

oh, my...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

os marcianos estao chegando

já adiantando que os próximos meses seráo de expectativa, porque se aproxima o talvez mais arbitrário prêmio do cinema mundial, o Oscar 2009, que ainda nem anunciou seus candidatos, mas que, com certeza, contará com presenças inexplicáveis. para o nosso bolão, você pode equacionar as variantes tradicionais: favoritismo, presença no globo de ouro e em cannes, tempo sem ganhar o prêmio, estardalhaço na mídia, moralismo barato, etc etc OU ENTÃO fazer como o nosso campeão atual e equacionar tudo matematicamente, no sentido de prever a aparente imprevisível ordem dos eventos.

quanto a mim, acho que prefiro o globo de ouro. só porque é de tarde, os vestidos são mais bregas, e não tem aqueles discursos americanóides de quanto o cinema é importante porque nos faz sonhar.

e gosto ainda mais deste globo de ouro, porque...

heath ledger não morreu em vão...



... mas pra receber esse discurso inssoso.

e a kate winslet não dá ponto sem nó:




"desculpa pela lista longa, gente, mas eu estou acostumada a NÃO ganhar as coisas..."



"im sorry, angelina!"

e, como notou um internauta perspicaz:



"fuck!"

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

jornada oscar parte 3

Sangue Negro é um filme raro. A direção é absolutamente fantástica. O som é tão bom que a primeira frase do filme só é dita depois de mais de 11 minutos, mas o silêncio é completamente tomado pelo barulho das máquinas, das picaretas, da respiração. O título em inglês - There will be blood - faz uma promessa que será corroborada pela música durante o filme, uma espécie de thriller de terror com alienígenas. E, o que faz o filme de quase três horas singular, é que a história é tola. Não que não seja interessante, mas é tola: não consegue ocupar bem as três horas. Chega um momento em que o filme começa a se arrastar eternamente.

Se o filme não parece apto a concorrer na categoria Melhor Filme, com certeza é o melhor candidato a melhor ator. Com a enorme duração e a falta de história, o filme se transforma, para o enorme prazer dos espectadores, no show de Daniel Day-Lewis. A atuação é absolutamente fantástica, num papel feito só para ele (o projeto seria abandonado se ele não aceitasse) . Segundo o Imdb, é inspirado no prospector Edward Doheny e inspirado no Conde Drácula. A voz foi tirada de contos orais do início do século vinte.

Enfim, meu Oscar vai pra Daniel Day Lewis, nem que seja pra ele largar de ser sapateiro.


***
Dillon Freasier (who plays H.W. Plainview, the son of the character played by Daniel Day-Lewis) was not an actor; he was an elementary student near the film's West Texas shooting location. On the radio program "Fresh Air with Terry Gross," Paul Thomas Anderson told Gross that when the production was trying to convince Dillon's mother to allow Dillon to be in the movie, his mother wanted to figure out who Day-Lewis was, so she rented a copy of Gangs of New York (2002) (in which Day-Lewis plays a murderous gang leader nicknamed "The Butcher"). She panicked at the idea of her son spending time with the man she saw in that movie, so the ‘There Will Be Blood’ casting department rushed to her a copy of The Age of Innocence (1993), in which Day-Lewis plays a civilized and gentle man.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

coisas

sem jornadas oscar hoje. foi um dia perfeito de estar dentro de casa. um dia de grandes invenções.

o acarajé japonês: temaki
star trek da idade média: matrix revolutions.

e, comprovando novamente que o narguilé, sim, me dá pressão baixa e enjôo, e uma vontade enorme de insistir.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

jornada oscar parte 2

Ontem foi o dia de ver Sweeney Todd, novo musical da família Burton, pelo qual Johnny Burton está indicado para o Oscar de melhor ator. E, de fato, é uma boa pedida pra quem quer ver sangue à la Tarantino e o humor negro consagradíssimo do clã gótico.

Minha cena preferida é esta:



Note a parte do casamento. Muitas semelhanças com as animações do pequeno Tim, no começo da sua carreira...



Depois de tudo isso, não preciso dizer que sou fã. E as altas expectativas podem ter muito a ver com a intensa frustração que senti, no final do filme.

SPOILER
Tinzinho tinha duas opções: 1) conjurar o clã para mais um filme; 2) fazer um musical. A esquisita mistura das duas poções levou a um produto inesperado, um híbrido, reponsável por uma qualidade musical péssima e uma atuação brilhante seriamente comprometida. Helena não sabe cantar. Não. Sabe. Ela é uma atriz, e das boas. E Johnny, meu querido pirata latin lover, desoncentra quando precisa cantar, isso é fato.

Entretanto, não é a má qualidade das músicas (nenhuma você ouviria no seu mp3, indo para o colégio), nem a degringolagem da atuação o principal defeito do filme. São os personagens secundários.

Opa! Não me leve a mal, Alan Rickman é um dos melhores atores de Hollywood, ele me dá calafrios! Inclusive, foi responsável por tornar filmes sem brilho como os Harry Potter em coisas interessantes. Lembrem, por exemplo, o excelente trabalho que fez como secundaríssimo em Simplesmente amor, com um par dramaticamente perfeito de Ema Thompson. Fantástico! O que acontece com ele - além do fatídico feito de ser obrigado a cantar - é o subaproveitamento do seu talento artístico. São poucas cenas, pouca exploração do personagem, pouca participação nos diálogos, etc. E isso não acontece só com ele. Todos os (poucos) personagens secundários são terceirizados, se é que você me entende, o que enfraquece horrores a história. Que pena.

E a pergunta que não quer calar é: porque o Borat tem que fazer o papel de todo e qualquer estrangeiro em todos os filmes americanos do mundo?

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

reparação

Amor ao cinema

Há alguns dias, eu vi o tal do filme baseado no livro "Reparação", do escritor inglês Ian McEwan. Foi indicado para o Oscar de melhor filme e melhor atriz (para a piratas-do-caribe Keira Knightley). Devo confessar que o filme foi realmente surpreendente, a comecar, no que diz respeito ao cartaz:



...que anuncia um filme com características semelhantes a este, também premiado, e estrelado pela mesma magrela esquisita:

Reparem nas semelhanças: o corte horizontal do pôster, revelando o nome do filme. O posicionamento das personagens nas extremidades. A ênfase na paisagem, prometendo uma excelente direção de arte. A expressão dos atores. As cores, meu Deus!, as cores...!

E acho que todos esses motivos justificariam a pergunta de um colega: - Ei, esse também é um filme da Jane Austen? O que seria uma pergunta abesolutamente descabida, não fosse a apresentação dos dois filmes exatamente a mesma. Isso revela, afinal de contas, que para Hollywood não deve haver a menor diferença (estética, de reconstrução histórica) entre um filme passado no início do século XIX, em plena era vitoriana, e outro na década de quarenta, no bojo da segunda guerra mundial.

Dito tudo isso, passaremos à terceira imagem, a capa do livro (antes que resolvam muda-la para o poster do filme):

Eu sei que a imagem é ruim, mas vejamos. Bem, o que há de diferente entre esta capa e o pôster? Ei, onde está o casal ternura do poster? E onde essa menina, que ocupa TODA A EXTENSÃO da capa do livro, está no poster do filme? Perai... Ah! Já sei! É aquela sombra do lado do título! Bem ali, ó, do lado do A do Atonement.

Pois é, pacientes leitores, o fato é que a personagem principal da história não é o papel que provavelmente renderá à pirata magrela o oscar de melhor atriz, e sim a garotinha - que sofre uma espécie de aborto no meio do filme e simplesmente desaparece, em favor de cenas de punhetagem paisagística.

SPOILER
O pior é que, pensando bem, até que a coisa faz sentido. Como eu dizia, no meio do filme, o ritmo da narrativa perde fluidez e é regada de flashbacks repetidos e paisagens pasteurizadas pelo fotoshop. A primeira parte, que caminha vertiginosamente em direção ao estupro que dá razão de ser ao filme, destoa completamente da segunda, que transforma os controversos personagens em peregrinos cheios de remordimentos e culpa, e o enredo do filme em mais um de amor separado pelo mundo cruel. No final, o mundo é cruel, e não as pessoas. E tudo isso para transformar a pobre personagem de Keira no centro do filme.

Mas, até aí tudo bem. O golpe final é a última cena, ou as últimas cenas, que se juntam à linha dos flashbacks repetidos e mais uma vez explica o óbvio. A mocinha, já idosa, em uma encenada entrevista, nos explica que a sua grande iniciativa em relação à culpa que a torturou toda a vida foi escrever um livro que pudesse dar ao casal ternura um final feliz que eles nunca tiveram. Bom, eu vou dizer uma coisa que pode parecer um pouco pedante, mas é o seguinte. No século bolinha antes de cristo, em um lugar que seria um dia Grécia, um biólogo homossexual chamado Aristóteles escreveu o que provavelmente é o primeiro livro da história que trata unicamente de literatura. Este senhor desenvolveu um conceito que chamaríamos depois, com a fatal invenção do Latim, deus ex machina, que a princípio se referia ao vício adotado por alguns tragediógrafos de resolverem os momentos mais intrincados da trama com a ajuda de algum deus. Então, o deus aparecia (ex machina, o que significa animado, no sentido de movimento) e dizia: e agora o cara mau vai sair de cena porque eu quero. E pronto. Tudo resolvido. Assim, com a conseqüente evolução do teatro e a criação da sétima arte, o conceito expandiu-se e hoje podemos falar de deus ex machina para qualquer solução sobrenatural do roteiro, o clássico "isso foi tudo um sonho", ou aquela história da novela da globo que teve de incorporar um furacão porque o elenco estava muito grande, ou, finalmente, quando uma personagem aparece no final do filme e explica absolutamente tudo o que aconteceu, resolve as falhas de roteiro e reúne sob seu jugo os momentos misteriosos da narrativa. O que aconteceu com o casal? Dá-lhe flashback. Por que será que a menina fez aquilo? Mais explicação. O que vai acontecer com ela? Toma um remédio, e explica as condições de sua doença terminal.

Foi surpreendente, eu admito. Até metade do filme, acreditei que seria uma história interessante. No meio, temi pela abdução de alguns personagens (os pais da menina, os gêmeos, a menina, o pai do carinha, todos os personagens secundários, ...). E no terceiro flashback da cena da fonte, disse internamente: tá bom, tá bom, eu juro que entendi da primeira vez...