Mas é isso mesmo que deploro. Essa parcialidade dos tempos, que só recolhem, conservam e transmitem as ações encomendadas nos bons livros, é que me entristece, para não dizer que me indigna. Cachoeira não é Roma, mas o punhal de Lucrécia, por mais digno que seja dos encômios do mundo, não ocupa tanto lugar na história, que não fique um canto para o punhal de Martinha.
Em 1960:
Para que seu horror seja perfeito, César, encurralado ao pé de uma estátua pelos impacientes punhais de seus amigos, descobre entre as caras e os aços a de Marco Júnio Brutus, seu protegido, talvez seu filho, e já não se defende e exclama: Tu também, filho meu! Shakespeare e Quevedo recolhem o patético grito.
Para terminar com Cervantes, ou talvez Pierre Menard:
A história é émula do tempo, repositório dos fatos, testemunha do passado, exemplo do presente, advertência do porvir.
que, aliás, está citado no Monitor Mercantil.
Ai, minha dissertação!