...mais um momento de pura egolatria essencialista, à uma da manhã.
Façam como eu: imaginem esse momento como uma transmissão de rádio dos anos quarenta. Aumente bem o som. Dá pra sentir as moduações da voz da locutora, o tom dramático que ela tenta dar para suas próprias palavras. Se você prestar bastante atenção, dá também pra distinguir os momentos em que suas paradas insistentes são para respirar, ou para abafar os ruídos de seu estômago cada vez pior.
Parte 1. Coisas sobre mim.
Eu odeio auto-promoção. (Isso deve ir em contra muitas opniões bem fundamentadas a meu respeito. Muitos me consideram arrogante demais para me importar com os meus defeitos). Não exatamente com a auto-promoção alheia mas, preenchendo um daqueles formulários "diga porque você merece ganhar essa bolsa", eu acabei me vendo na impossibilidade fisiológica de responder. Escrevi: me diga você - e o ponteirinho do word ficou me acusando de dramática.
Parte 2. Coisas sobre os outros.
Os outros, essa entidade apoteótica e onipresente, sempre precisa ouvir o que fazer. Os outros não gostam de falar eternamente, sem depois receber uma opinião exterior totalizadora e psicanalítica. Falar é uma terapia. Até mesmo escrever. No blogue.
Parte 3. Coisas sobre o mundo.
Tudo mudou quando eu descobri que existe infinito negativo. Ah, e que pode haver um infinito maior que o outro, olha só! (começo a rir só de nervoso) Além de tudo isso, todos esses infinitos têm que caber em um universo que é, por sua vez, finito - finitíssimo - e, pasmem, que também é curvo. Neste universo finito e curvo estamos todos nós: eu, você, este blogue, os infinitos negativos e aqueles que são maiores e menores que os outros infinitos. Também estão minhas olheiras detestáveis, minha insônia, esse pânico noturno da Avenida Paulista, o ninho de baratas do congelador e os comentários parcos deste blogue. Depois me dizem que literatura é coisa para desocupados.
Conclusão.
Pra que, não é? Pra que diabos concluir se nós ainda estaremos, finitamente, neste absoluto aqui e agora.
6 comentários:
muito bom, fofa!
gosto de ler o que você escreve, sabia?
saudades.
ai, obrigada!! eu ando tendo inspiração nas insônias...
Oi querida, é aquele cara de ontem na Ju, tudo bom?
Vendo vocês dá a impressão de que todo mundo escreve bem...
Sobre as conclusões, entendo seu ponto... Mas particularmente sempre prefiro tirar umas do chapéu, e categoricamente! Ponto final é o tipo de coisa que dá uma impressão de sentido, é bem saudável ; )
ps: Vontade de dar um chute na sua caixa!
Beijos!
Ei, que legal que você achou o blogue!
Sobre os pontos finais, bem, hoje em dia eles não me trazem mais tanta impressão de sentido. Ando preferindo os dois pontos ou as reticências, se é que me entende.
Ai, essa vida...
PS. Nota mental: proteger bem a caixa.
aprender a fazer o cursor do word parar de piscar só foi menos revolucionário na minha vida do que descobrir o insert!
tem como fazer ele parar de piscar???? (choque)
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