sábado, 26 de julho de 2008

overbook (ii)

e o assunto ainda não terminou...

"Sexualmente desreprimidos, geração clubber de classe média e favela se misturam, manipulam conteúdos em sites, mistificam a realidade e se dão bem. O título do filme [Nome Próprio, do Murilo Salles, inspirado na vida da blogueira Clarah Averbuck] faz uma espécie de alerta contra um comportamento social que ignora a moralidade construída e aceita pelas sociedades ocidentais, já que a dinâmica social e das novas tecnologias engendraram lógicas mais fortes que a ética"

Por enquanto, nos detemos só neste trecho da crítica de Sérgio Moriconi, publicada no Correio Brasiliense hoje, donde se depreende:

a) que a sociedade ocidental, como um conjunto cultural uno e homogêneo, criou uma sorte de valores morais que devem ser seguidos. Por um acaso do destino, ela também criou a internet - que, por sua vez, chegou para perverter os valores cuidadosamente construidos pela mesma sociedade que a criou. Vale lembrar que o nosso conceito de imoralidade foi tão atenciosamente elaborado nos últimos séculos;
b) geração clubber classe média e favela se misturam. Adoro esse totalitarismo: as pessoas que usam o computador são ou 1) clubber classe média - não os outros classe média, vamos dizer, jornalistas, por exemplo, que preferem a mídia impressa ainda, ou 2) "favela". Enquanto os ricos se dividem em tipos - clubber, jornalista nostálgico - e, quantitativamente, recebem mais adjetivos, os pobres são outra vez referidos somente pelo lugar de onde vêm - favela. E essas são as classes de pessoas que existem.
c) a ética é uma lógica. Desde quando? E o que faz dos pobres blogueiros menos éticos?
d) quem manipula site se dá bem? caramba, eu que não sabia esse tempo todo... eu devo ser ALIENADA...

"Passaram as ideologias, seguem os problemas. Sai o existencialismo sartreano de viés marxista, entra o existencialismo do "eu-mesmo". Mas o mal-estar existencial de Camila [personagem principal do filme] é de outra natureza. Ele não é da orfandade de uma não-coisa. Camila vive num mundo que perdeu um cânone comum, que pulverizou referências, estímulos e, finalmente, identidades. De alguma maneira, Nome Próprio respinga os cacos dos ideias de maio de 68 na circunstância nova da realidade virtual do cyberespaço. Esta realidade, supomos, mais escraviza que liberta. Aparentemente morto e enterrado pelo triunfalismo neoliberal, o velho conceito marxista de ALIENAÇÃO volta mais vivo do que nunca, depois de noivar e casar com os fantasmas da realidade virtual."

Donde se depreende que:
a) os marxistas não tiveram NADA a ver com a abolição do cânone e a reformulação dos limites que aconteceram desde o romantismo até hoje. Em especial nos últimos trinta anos.
b) eu e você, querido leitor, somos vítimas da escravidão do cyberespaço;
c) as pessoas adoram ser escravizadas, por isso estamos aqui;
d) no que toca à última frase, o autor nunca ouviu falar de literatura cyberpunk, nunca viu matrix e assume que qualquer alternativa ao marxismo é, por definição, neoliberal;


CONCLUSÃO:
Sem pudor, sem ética, alienada e órfã, nossa geração não é capaz de nada - como a geração perdida dos anos 80 - segundo os padrões dos nossos pais, que fizeram o favor de quebrar tudo, botar fogo no circo e esquecer a luz acesa. O grande lance é que os anos 70 são e sempre foram a moda e, qual São Paulo Fashion Week, aqueles que agora têm uns quilos a mais, dor nas costas de sentar no computador e assistir seriado americano, recolhidos ao seu mundo interior pela frustração e insegurança causados pelo mundo das supermodelos - e dos superescritores, porque não dizer, que a nossa cara overbook fez tanta questão de pertencer - são pobres culpados pela perda de um paraíso perdido, nostálgico para os próprios críticos que os negaram em sua juventude. Galera, cresce. Só porque vocês não conseguem entender não quer dizer que seja neoliberal triunfalista. Chega de princesa e bandido.

Como diz a Xuxa "vamos brincar de índio, mas sem mocinho pra me pegar".

9 comentários:

lrp disse...

é caro assinar o Correio Brasiliense de sampa?? haha meus dias tão precisando disso!

e eu apóio a varição lingüística! vai ter q me explicar ao menos umas 2 palavras qdo voltares aqui!

Anônimo disse...

e como diabos chegaram ao consenso de que esse filme representa a nossa geração?
em todo lugar eu só vejo isso!

Anônimo disse...

quel, sobre a sociedade ocidental e a internet, lembra que todo sistema carrega em si o germe de sua destrição! hahahahhaa

mas enfim, coitado. ele só quer falar mal da averbuck, e se parasse aí seria tudo bem...

catu disse...

correndo o risco de parecer straigh edge, mas true, ooverbook não representa!

firme no movimento, yo!

Anônimo disse...

issae, ju

represent!

Anônimo disse...

OI,
lei seu blog há tempos, mas nunca comentei. Agora foi a gota d´água: Gostei!
TÔ te linkando, tá?

Bjo.

Anônimo disse...

Ah. E nos comentários do post anterior vc dizia que não tinha assistido ao filme. Já assistiu? Eu achei ralo. ralíssimo.

vina apsara disse...

Oi, Tata! Obrigada, viu? Achei que todo mundo que passava aqui era por causa do post do namoro evangélico. Que legal saber que tem gente que lê isso aqui de verdade...

Não vi ainda. Eu e a Ciça vamos levar cartazes! hahahah Esses dias, eu vi uma entrevista com o Taz - nem sou muito fã dele, mas tive que dar o braço a torcer - em que ele diz que a internet é meio monstro da nossa geração pra alguns críticos que não fazem a menor idéia de pra que ela serve.

Paulo Rená da Silva Santarém disse...

Nossa, esse post bombou em comentários.

Você se deu ao trabalho de ver o filme. Pela Leandra Leal, eu tava curioso pra ver. Mas pelo jeito, se a crítica é adequada, perdi a vontade.