quinta-feira, 2 de setembro de 2010

a verdade, segundo heidegger



"Falsidade só é possível contra um fundo de verdade e de concordância sobre a verdade. Mesmo assim, há falsidades. Mas Heidegger não parece vê-las como algo que consiste no fracasso de uma frase em corresponder com a realidade. É mais uma questão de encobrir as coisas, distorcê-las, e isso pode ser feito de outras formas além de fazer afirmações falsas, por omissão ou por ações não-verbais. (Como diria Macaulay: "Uma história em que cada mínimo incidente pode ser verdade, pode ser, no todo, falsa"). A verdade, por contraste, consiste em desvelar as coisas. Consiste em iluminar coisas ou dar luz a elas. É uma questão de grau, de mais ou menos, ao invés de sim ou não. A iluminação nunca é completa e nunca está completamente ausente."
Michael Inwood. Heidegger, a very short introduction. Oxford University Press. p. 50. Minha tradução.

Ainda tentando descobrir uma forma de citar livros "for dummies" na dissertação. Vou ler todos e vou citar física quântica também -- me sinto A professora de física depois que traduzi aquele documentário sobre a teoria da relatividade, em que descobri o papel secreto da mulher do Einstein na coisa toda. E que ele pode ou não ter batido nela, mas definitivamente a proibiu de terminar a graduação.

Grande gênio, bah!

7 comentários:

Illimani disse...

O cara poderia ter escrito um terço desta argumentação se ele tivesse usado a palavra "exegese".

vina apsara disse...

mas é "for dummies", illimani. eu nem sei o que é exegese...

Luisfel disse...

Exegese, epistemologia e paradigma são palavras acadêmicas que não significam absolutamente porra nenhuma para um ser humano normal. #prontofalei

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Exegese)

Ruyzinho Primuxo disse...

Por isso que quem estuda heidegger em filosofia acaba caindo em hermeneutica. Que é muito trabalhoso, mas, enfim, quem sabe, uma liberdade crítica. O heidegger é legal, ele destroi a idéia de subetivismo, e de causalidade, que é a posição de um sueito espaço temporal; ele nega a visão cientificista moderna do homem (e suas influencias contemporâneas. E tem uma frase dele muito legal num texto fazendo a desconstrução da psicanálise_ apesar de ele parecer engraçado e bobo, por não ter um ar de seriedade, acho isso uma coisa muito séria. Ele diz: se uma mulher entra em um quarto com um sujeito, e depois esquece sua bolsa lá, para a psicanálise, ela deseja voltar ao local, e por isso inconcientemente deixou a bolsa ("o que faz vc pensar, pq será que esqueci minha bolsa lá no quarto?" grifo meu). Heidegger diz: se for assim, então nem a bolsa esteve com a mulher, e nem estevelá, mas somente o homem...A bolsa nunca esteve ali. Só o homem esteve com a mulher. Por isso a crítica, a causalidade espaço temporal passou ao inconsciente, aqui no exemplo, na forma descritiva_quando o pasciente tenque lembrar o que não quer lembrar.) Apesar dele criticar a objetivação de um inconsciente, admite que a psicanálise é uma ciência empírica, que tem suas bases numa mecanica fisiológica (grifo meu). E que funciona. Quer dizer, não é do homem que estamos falando, mas de suas ferramentas_ E da pra ver que somos condicionados a acreditar em qualquer coisa, e no conceito mesmo heideggeriano de verdade, isso seria "a verdade". Pois agente acredita nessa realidade que foi posta. Por isso ele trata de termos como, cuidado. (o cuidado com o pensamento) A crítica dele é em relação a verdade como correspondentia: representação (do sueito) objeto (correspondente) Sendo assim, negando a filosofia moderna, o sujeito não seria a sua representação em relação a um objeto que se chamaria homem, mas ele mesmo é um nada em direção à um horizonte semi-aberto (nos dizeres de loparic) O heidegger é muito foda, pq ele demonstra a constante mudança nos fundamentos das ciências, e como somos escravos de uma linguagem representacional. :)

vina apsara disse...

primo, amei. esse lance da crise da representação me interessa muito. gostei muito do conceito de cuidado, e como heidegger é atento ao fato de que nós não somos os mesmos o tempo todo, somos displicentes e temos mau humor.

vc tem bibliografia sobre isso? tem algum cara legal da UFRJ que escreve sobre isso?

Ruyzinho Primuxo disse...

Não tenho bibliografia formada...Tem o ser e tempo; a questão da tecnica; o que é a metafísica.... Ele tem uma caralhada de livro!!! Ele não se preocupou em formar um sistema propriamente dito, com que se comprometesse em corrigir até o resto de sua vida, como o kant. Apesar disso vc sente que ele quase sempre diz a mesma coisa. Acho que pra começar os textos dos pensadores são os melhores. Ele fala muito sobre a tecnica e a metafísica. Tenho um livro dele aqui comigo tb, que tô começando a ler, que acho que é onde ele parece ser mais cético que em outros textos. E é o livro que fala sobre o kant. "o que é uma coisa." Os títulos dele nunca me cairam bem...Os conceitos dele são do alemão comum, distante dos da filosofia propriamente dita, mesmo assim tem toda história da filosofia ali, mesmo que os "analíticos" desconfiem das fontes dele. A estrutura da teroria dele é basicamente grega. O conceito de verdade, por exemplo, ele recria apartir de uma crítica que ele faz à concepção moderna do termo alethea, que vem do grego. Pra ele a verdade moderna foi uma má interpretação do conceito em grego a partir de aristóteles...Por conta de um abandono numa dicotomia do conceito de ser (to on). E daí passou-se até Descartes como representação. O Descartes usa "ser" por exemplo, como um fator meio qualitativo (que quer dizer o que teria mais realidade do que outra coisa, em relação à correspondencia que tenho com a coisa) (é mais ou menos isso) Ele fez hermeneutica de uma porrada de pensador. A hermeneutica dele, que ele traça. dizem que ele sempre encontra azeitona pra impada que ele mesmo faz!!! Conheço o loparic, que é um comentador brasileiro dele, do freud, do kant, husserl... que é da PUC, se não me engano. acho até que foi professor da usp! Aqui tinha mais professores de heidegger, agora só tem um, que é o gilvan fogel. Eu acho ele mais nietzschiano do que heideggeriano, e ele costuma dar mais nietzsche. Mas ele é bem legal! Só que não produz muita coisa. Ele parece um ente da floresta, as coisas só vem na cabeça dele de forma passiva. Então vc está na aula, e derrepente ele começa a falar um monte de doidera do nada, e vc percebe que o heidegger tá saindo ali nas coisas que ele diz. Principalmente do ser e tempo. hehhehe...eu acho isso engraçado. E ele sempre diz: tenque ficar atento ao barulho...
Eu acho que vou fazem minha monografia sobre a representação na modernidade. Não sei direito ainda...Mas alguma coisa sobre kant e heidegger...Então acho que alguma crítica sobre funções metafísicas...alguma coisa assim...se vc souber de algum comentador tb me fala...mas acho que vou usar só o heidegger, o kant, e algum outro moderno. A filosofia moderna é legal pra entender ele tb! Tem uma trilogia sobre o nietzsche dele que é bem legal tb!!! É uma coisa que ele deixa bem claro, e que não é difícil de compreender nos filosofos: cada filosofo fez sua história da filosofia, sempre sob influencia, e sempre recriando o pensamento.

Nai disse...

bom, eu citei sheldon cooper e wikipedia na minha mono, acho que ta na hora dos academicos pedantes lidarem com livros "for dummies".
(e só porque eu faço pose mas na verdade ainda não sou tão bem resolvida assim, quero deixar claro que eu também usei umberto eco...)