quarta-feira, 30 de abril de 2008

mais uma pérola da literatura tupperware

Tá bom, eu tenho que deixar o link pro post da júlia dos tupperwares e dizer que eu me sinto sempre assim quando entro no banheiro da Letras, no meio de uma peça de teatro - literalmente no meio. Como se você abrisse uma porta na faculdade e, ainda sem olhar para frente, percebesse que está no palco, entre duas pessoas dialogando. E não só quando você ouve as pessoas conversando*, mas também ao simplesmente olhar em volta e ver o que as pessoas avidamente escrevem na parede**.

Aliás, sou completamente fã da entidade abstrata "pessoas", como eu já tentei provar em outros posts.

*Talvez a pior (?) história de diálogo incidental do banheiro da letras foi:

DRAMATIS PERSONAE
Vina, estudante universitária
Fulanita, freqüentadora do banheiro feminino, com problemas sexuais
Cicranita, também freqüentadora do banheiro feminino, interlocutora.

Vina entra no banheiro e percebe que ele estaria vazio se não fossem Cicranita e Fulanita, que conversavam ativamente. Sua passagem pela porta, denunciada pelo barulho ruidoso da porta e talvez um ocasional tropeço, foi seguramente percebida pelo grupo.

Fulanita: E os pais dele não estavam na casa.
Cicranita: é?
Fulanita: Foi. E aí a gente se trancou dentro do quarto, ele tirou a minha roupa, ficou falando que queria me comer todinha.
Cicranita: Sei. E você?
Fulatina: Ah, cara, depois de tanto que eu me esfreguei nele, né? Já tava na hora, eu tava doidinha...
Cicranita: ...
Fulanita: Não me olha com essa cara, eu sei que ele namora a Beltranita, mas amizade não tem nada a ver com sexo.
Cicranita (exercendo o seu direito de ficar calada).
Fulanita: Tá, então eu tirei a roupa pra ele, fiz tipo um strip... E ai, meu, o pau dele tava molinho!
Cicranita (exercendo seu direito de fazer um comentário apropriado).
Fulanita: Muito filho da puta o cara, eu nem acreditei! Tem o pinto pequeno e ainda é broxa, meu!
Cicranita: Ah, não fala assim do João...
Fulanita: Ei, não fala o nome dele que tem gente no banheiro.
Vina (cuidando da própria vida) (se sentindo constrangida de exercer o seu direito de atender ao chamado mais legítimo da natureza)
(Silêncio)
Vina sai do banheiro, o par de frqüentadoras do banheiro feminino finalmente ficam a sós.

FIM

Para mim, o grande enigma dessa história é porque Fulanita não se sente nem um pouco constrangida de falar qualquer outra das coisas que ela disse, mas sim de dizer o nome do indivíduo. Será que ela me conhece? Será que eu conheço a pessoa em questão? E, se sim, porque ela continuaria tão ativamente a conversa, se ela me dissesse respeito de qualquer forma?
Freud explica.

Na verdade, o banheiro da letras é um pedaço do Twilight Zone.

3 comentários:

Anônimo disse...

tan na na na na naaaa
(música do Arquivo X)

Pedro disse...

já ouvi sem querer um diálogo na fila do RU:

- e ai, ficaram?
- aham
- e como ele é?
- ah, beija bem e tal...
- ah! beijo na boca nem é ficar!

júlia disse...

hahaha
é, tudo acontece TÃO nas letras mesmo