segunda-feira, 29 de setembro de 2008

acidente

eu sou o rio dos mortos
dos meus parentes mortos
e os meus mortos são o mundo inteiro
eu sou o rio dos mortos
nasci da sede pelo dó das lágrimas
quando mortos todos os pensamentos
eu sou o rio dos mortos
me criei no pântano das palavras
dos restos tudo trago
eu sou o rio dos mortos
minha carne é das nuvens
se fujo só dou em mim
eu sou o rio dos mortos
eo meu choro o que devolve à terra
o chão do sal da terra o chão
eu sou o rio dos mortos
minha margem de árvores
dos astecas que me sangraram
eu sou o rio dos mortos
da terra não passo
e ninguém me ultrapassa sem desvão
eu sou o rio dos mortos
o caminho é dourado

Júlia Hansen, In: Revista Não Funciona, n 16, ano 04.

Porque eu adoro ler meus amigos em meios aleatórios. Viva o acidente literário!

5 comentários:

júlia disse...

sua va-ca

na minha última versão não tem os últimos dois versos

valeu?

júlia disse...

aliás acho que a última versão mesmo vai ter seu título

"acidente"

valeu.

vina apsara disse...

poxa
eu gosto dos últimos versos
e por que se chamaria "acidente'? o poema é tão grave!
Ouderrepente nenhé..

E prefiro pensar em mim como es-can-da-lo-sa, mas tá valendo

tenho provas contra você agora! heheheh

júlia disse...

você es-can-da-lo-sa e eu cada vez mais como aquela do ca-zu-za exa-ge-ra-do

confesso que cortei os dois últimos versos porque um dos meus marcos (todo mundo deve ter seu marcos na vida, né quel) disse que eram feios agora que você disse que gostou vou repensar

sei lá, me parece que "acidente" desculpa a gravidade do poema. tô sempre postergando a culpa pra depois. mas é melhor ficar sem o título mesmo.

mas agora, contra? meu bem, meu mundo anda tão à favor....

meu sangue latinuuu -u

vina apsara disse...

nossa, eu TOTALMENTE tou com essa música na cabeça. se tocar por aí eu choro.