eu faço este post porque tem muita gente por aí que tem um blogue só pra fazer o que eu vou fazer a seguir.
os que me conhecem ao vivo sabem o quanto é irritantemente freqüente quando as cortinas abrem e o locutor diz ao microfone:
- Senhoras e Senhores, com vocês... mais um vinadrama.
(música tema)
eu perdôo o narrador da minha vida porque ele é classudo. por isso eu devo agradecer às minhas tantas horas lendo romantismo brasileiro, português, espanhol e latino-americano, que me renderam um fino faro para frivolidades. século xix é a maior diversão. tudo o que somos devemos àquelas costeletas exageradas. às xilogravuras. às fotos borradas. à falta de senso, enfim, que fez de nós pródigos herdeiros de um século fundamentalmente ridículo. a-do-ro.
pra começar o vinadrama de hoje, vamos partir de constatações. há algum movimento cósmico, astrofísico, cosmonauta, sem-noção, que parece que faz o tempo retroceder e me remete gelidamente, anti-gravitariamente, à minha adolescência. um comentador do futuro me diria, então, com gravidade:
- mas, raquel... por que você assiste a taaantos filmes?
e o meu eu-adolescente, desacostumado à causa secreta das coisas, cujo real conhecimento só a velhice proporciona, responde:
- não sei.
um observador atento certamente notará que mini-vina está rodeada de um quarto insalubre, muito lixo e coisas largadas ao léu. suas roupas estão penduradas nas portas dos armários, que por sua vez estão bem abertas, mostrando um cenário parecido com aquelas bandejas de retalhos das lojas de tecido. a toalha molhada está em cima da cama, pedindo polamordedeus me lavem.
certo.
mini-vina cumpre seu papel sociológico de adolescente eu-não-pedi-pra-nascer e macro-vina, aquela munida de um teclado e internet banda larga, não faz diferente, posando de narcisista internérdica, num universo que não entendemos.
fim
- Senhoras e Senhores, este foi mais um vinadrama.
2 comentários:
clap clap clap clap clap clap
Cenas do próximo capítulo...
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