domingo, 11 de março de 2007

a defesa da solidão parte 3

"'Frequentemente pensei que a melhor forma de vida para mim consistiria em encerrar-me na parte mais profunda de uma imensa caverna com uma lamparina e tudo o que é necessário para escrever. Alguém me levaria comida e sempre a deixaria longe de onde eu estivesse instalado, atrás da porta mais exterior da caverna. Ir buscá-la, de camisolão, atravessando todas as abóbodas, seria meu único passeio. Logo em seguida eu voltaria para minha mesa, comeria lenta e conscienciosamente, e depois recomeçaria a escrever. O que eu não seria capaz de escrever, nessas condições! De que profundidades extrairia o que escrevesse! Sem esforço! Pois a concentração extrema não sabe o que é o esforço. O único problema é que eu talvez não perseverasse, e, ao primeiro fracasso, quem sabe inevitável, inclusive, em tais condições, forçosamente submergiria na maior das loucuras: o que você acha disso, meu amor? Não recue diante do habitante da caverna!'"
(continua...?)

2 comentários:

vina apsara disse...

Muito fácil essa vida de caverna com várias portas, abóbodas e serventes... tinha que ser o kafka mesmo!

Anônimo disse...

Talvez assim ele conseguisse a paz para a sua concentração... :-)

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