terça-feira, 25 de setembro de 2007

Borges e a História

Hoje foi um dia legal, para mim e para as poucas pessoas que estavam comigo em um evento literário na USP, uma palestra do hispanista Davi Arriguchi Jr, conhecido por seus trabalhos sobre Borges. Segundo ele, o importante em Borges é o que há em seu texto de sedimento da historicidade do seu tempo. A mescla de raças, a modernização representada no telefone do "Jardim das veredas que se bifurcam", a historicidade imanente. Entenderam? Entenderam? - dizia ele, reiteradamente. De fato, como não entender que é necessária uma erudição absurda para se aproximar de Borges. Como não entender que a poética dele é demasiada hermética. Como não entender que o que há de raro em Borges é o que nele se parece com John Wayne.

Como não abandonar o livro para sempre numa estante e nunca mais o querer abrir?

E lá vamos nós reclamar de novo da crítica literária brasileira, como se reclama do trânsito, ou do Renan Calheiros, ou dos finais do Neil Gaiman. O que poucos se dão conta é que toda essa reclamação é nada mais que uma tentativa desesperada de salvar aquilo que é prezado.

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