segunda-feira, 21 de julho de 2008

requiem

Semana passada fez 5 anos que Bolaño morreu. É um estranho vazio... O que eu estava fazendo há 5 anos? Lendo meu primeiro Guimarães Rosa nos corredores da UnB, fazendo minha primeira viagem internacional, arranhando as primeiras palavras em espanhol - enquanto Bolaño ia ficando amarelo, escrevendo os ensaios posteriomente recolhidos no Gaucho Insufrible. Literatura + Enfermedad = Enfermedad, mostrando que não, a literatura não salva vidas e não, ela não faz o bem. de jeito nenhum é transcendência. de nenhuma forma está em um lugar diferente do que aquilo que vivemos.

O Clarín publicou um ensaio em homenagem à data, onde o colunista se pergunta por que Bolaño era tão popular entre os jovens e aponta a falta de grandes escritores depois do boom e a temática juvenil que ele escolhe. eu digo que é muito mais que isso: essa visão anti-transcendente, prosaica, dura, que se recusa a separar literatura e vida, que se recusa a elevar o escritor a uma plataforma deítica. E transforma o texto nessa coisa estranha, meio sem foco, sem unidade aparente, um amálgama de autobiografia e crítica literária que é visceralmente ficcional. dolorosamente... E não é o novo, também. Não é a novidade da coisa - porque no século XXI já não há nada novo em baixo do sol. É a singularidade dessa experiência que só pode falar por si mesma, não por ninguém mais. Algo que os críticos do Correio Brasiliense chamam de "geração ególotra"(falando da overbook), na verdade é a consciência de que não se pode apropriar-se do alheio com dignidade. Então, sentemos e vamos contar a nossa história.

Um comentário:

lrp disse...

"desaparición física" é um eufemismo divertido!, e meio elvis-não-morreu.

ps.: ser vigia de camping é assim tão perigoso no Chile??