segunda-feira, 25 de agosto de 2008

momento tradução

já que eu não tenho nada melhor pra fazer e eu prometi pro suricate que eu ia agir a respeito do gosto (duvidoso, duvidosíssimo!) poético dele, resolvi traduzir um poeta peruano do início do século XX, Cesar Vallejo. Esse poema já deve ter sido traduzido antes (mas se não está no google, não existe pra mim) e faz parte de um livro de poemas chamado "Trilce", cujo nome não tem tradução, cheio de mais nomes sem tradução que dão a impressão de que sempre existiram e de que você algum dia soube o que significava mas esqueceu. Enfim, emocionante.

Esse é o número VI (fica sem formatação, o que perde um pouco):

O terno que vesti amanhã

não o lavou minha lavadeira;

o lavava em suas veias otilinas*,

no jorro de seu coração, e hoje não hei

de me perguntar se eu deixava

o terno turvo de injustiça


A hora que não há quem vá às águas

em minhas pautas retifica

o lenço para emplumar, e todas as coisas

do velador de tanto o que será de mim,

todas não estão minhas

a meu lado.


Ficaram de sua propriedade

fratesadas, seladas com sua triguenha bondade.



E se eu soubesse que ha de voltar;

e se soubesse qual amanhã entrará

a me entregar as roupas lavadas, minha aquela

lavadeira da alma. Qual amanhã entrará

satisfeita, cereja de olaria, venturosa

de provar que sim sabe, que sim pode

COMO NÃO VAI PODER!

anilar e passar todos os caos.



*N.T. Otile era o nome do primeiro amor do poeta.

2 comentários:

lrp disse...

tá, eu entro na comunidade Homens Feministas, gostei não.

Mas o uso de nome próprio como adjetivo foi lindo, está anotado. A estrofe toda é boa, aliás.

vina apsara disse...

vou entrar na comunidade "eu desisto"... =(