segunda-feira, 15 de setembro de 2008

sobre a dificuldade de superação do prosaísmo absoluto

a seguir, fragmentos desta entrevista com Othan Pamuk, escritor turco, na ordem em que aparecem:

"Mas, sim, o prêmio [Nobel] mudou a minha vida: tornou-me mais famoso, me trouxe muitos leitores novos e tornou as coisas um pouco mais difíceis e mais políticas – ele tornou tudo o que eu faço mais político do que eu esperava.
(...)
Acredito fortemente que a Turquia será, mais cedo ou mais tarde, parte integral da Europa. Mas no momento a situação não parece tão boa, e isto me preocupa. Mas não me faz chorar, porque, essencialmente, sou um escritor de ficção – e, se um dia eu chorar, vai ser porque estou preocupado com a beleza do meu livro.
A despeito da beleza dos seus livros, você, assim como outros escritores da Turquia, tem sofrido muita intimidação por parte de grupos ultranacionalistas ou ultra-religiosos. Isso tem efeitos sobre a sua vida e sobre a vida intelectual na Turquia no momento?"

Gente, supera. Este post muito bem poderia se chamar "por que os jornalistas são babacas". O escritor virou uma figura política vazia, e só tem valor se pode representar bem este papel - à la Rushdie. E, mais uma vez, a ficção não interessa de maneira nenhuma, neca, niente, nada.

5 comentários:

catu disse...

desilusããããoooooooooo

Anônimo disse...

sobre jornalistas/repórteres simplesmente fenomenais:
http://laryff.com.br/?p=1782#comments

Paulo Rená da Silva Santarém disse...

Outro dia li uma crítica ao show do Caetano que me deixou boquiaberto. O cara identificava tanto detalhe artístico, muito bem feito, coisa de quem estudou o artista antes de ver o que iria relatar.
Como em toda profissão, tem quem mande bem e quem não.
Acho que a pergunta pode ser ampliada e relativizada: porque há pessoas que insistem em serem babacas?
Então, você leu esse livro aê?! É bom?

júlia disse...

"Robert Caligari era um rgande leitor do jornal local. Chamava-se o Clarim de Kent.Ele não lia as histórias principais, é claro. Habitualmente, são de tal maneira chatas que corremos o risco de entrar em coma, se lermos mais do que, digamos, duas dessas histórias no espaço de meia hora. Os jornais locais são uma seca e até perigosos. De facto, se alguma vez encontrarem um amigo num profundo estado de inconsciência, a primeira coisa a fazer é verificar se esse amigo esteve a ler o jornal local. Se esteve, atirem o jornal pela janela fora e deixem entrar o máximo de ar fresco possível no quarto; depois façam uma chávena de chá quente, bem doce, para o vosso amigo. Com um pouco de sorte, podem salvar uma vida.
Não, Robert Caligari sabia ler mais do que as histórias principais. Preferia os anúncios classificados. Lia-os com muita atenção, porque lhe davam uma boa imagem interior da mente das pessoas. Os anúncios classificados, mesmo quando são chatos, são sempre mais interessantes do que as chamadas histórias principais. Os anúncios classificados dizem-nos, por vezes de uma forma codificada, aquilo em que as pessoas estão mesmo a pensar. Os pequenos anúncios tinham um grande significado parar Robert e alimentavam a sua vívida imaginação."
de um livro que eu trouxe de Lisboa
Tom Baker, "O rapaz que chutava porcos".
beijinho procê gracinha de menina

vina apsara disse...

ai, mulé, adorei! total leio o jornal de trás pra frente!

ai, rená, não li o livro. tenho meio que abuso dos nobéis por causa disso, exatamente. eles sao sempre obrigados a dar lição de vida e, convenhamos, minha vida ja ta cheia de lição.

aliás, parei total de reclamar das pessoas. daqui em diante só posts felizes.