quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

mais achados e perdidos

CRIMES DE AMOR

Não sei se olhar para ela da forma que eu olhava era exatamente um crime. Ela diria que não. Me olharia de volta, com aquela benevolência maternal das mulheres e me diria "pode olhar" e me permitiria, como sempre. Será que ela não entendia? que olhar alguém daquela forma era um modo discreto de retirar o algo mais essencial... Que um olhar detido nunca pode ser ingênuo -- no mínimo será um desejar tão intruso que em certos planetas deve ser criminoso. É que nada para ela era criminoso: tudo era permitido, inclusive atravessá-la com aquele tipo específico de olhar que toma a alma das pessoas (eu a observava).

Ela nunca vai saber o que é que eu via.

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