domingo, 5 de agosto de 2012

algumas reflexões impertinentes sobre literatura


Dizem que a literatura é a mais simples das artes. Basta ser alfabetizado e ter caneta e papel que você pode ser um escritor. (a Jane Austen, por exemplo, escreveu seus romances em uma mesinha pequenininha, que só tinha espaço para o tinteiro). Mas um pintor, um artista digital, um músico têm como aliados diversos instrumentos, atrás dos quais eles podem se esconder (ou talvez atrás de outras pessoas). A literatura, ao contrário, é condenada à mais completa solidão, abandono e deriva. O escritor deve se deparar com o pior horror de todos, a aberração da natureza, a intimidação mais agressiva do pedaço de papel em branco. É como se fizesse o artista construir uma coisa usando nada mais do que ar. Não. Do que areia do mar, sujeita às intempéries -- o vento, a chuva, o mar, etc.

(Um dia, meu pai me ligou com uma pergunta simples: qual é o primeiro elemento que se coloca na betoneira para fazer concreto?
A- cimento
B- água
C- areia
D- brita
Desde então estou convencida de que na resposta desta pergunta reside toda a literatura.)

Nenhum comentário: