sábado, 2 de maio de 2009

leitor baldio

estava jogada no sofá, lendo o A leitura e seus lugares, do Júlio Pimentel, quando me surge o seguinte:

É com essa presunção que o livro se apresenta, a de convidar a boas leituras num tempo em que pouco se lê e, inúmeras vezes, se lê mal ou se lêem coisas ruins. O leitor de livros baldios acostuma-se a eles e raramente se arrisca. O livro raso, de leitura esquemática e simplificada, não é porta de entrada para Proust ou Cervantes. É a sua negação, é o pretexto da recusa, é o vício.

eu gosto desses perfis de leitores. e gosto também de pensar que a literatura tem ainda e muito forte esse caráter de vício. me remete imediatamente ao século XVIII, aquele filme do marquês de sade, em que ele fica preso. a leitura como mobilizadora da sociedade, algo que faz da gente um punhadinho mais obtuso.

a leitura como construtora de seres piores, de leitores baldios, como eu.

5 comentários:

Unknown disse...

Achei "punhadinho mais obtuso" tão bonitinho!

ciça disse...

as mocinhas do púchkin são todas baldias, adoro.
mas fiquei com uma pena de te imaginar jogada no nosso sofá...
pobres das suas costas.

vina apsara disse...

o sofá-ressaca. você acorda arrependido.

ai, as mocinhas criadas pelos romances franceses!

obrigada, renata!

nai disse...

pimba!!!

vina apsara disse...

isso também...