UMA COISA que me pira é tinta. de caneta. aquele cheiro que chega quando a mão já está doendo, e a cabeça se sente um pouco esvaziada de ideias fixas, torturantes, que agora já não exigem uma responsabilidade cruel.
escrever o que quer que seja é isso, a psicanálise sabe bem. quando escrevemos, nem que seja um recado de telefone, um lista de compras, estamos alforriando nossas cabeças de uns grilhões incomensuráveis que é essa responsabilidade imperativa: fazer as coisas significarem.
escrever é o que gera o ato: uma revolução do tamanho de uma chamada respondida, de encher a geladeira de comida para os demais e propiciar um café da manhã saudável.
essa exigência às vezes extrapola. às vezes, a revolução extrapola. às vezes é o desafio de escrever que é enorme, fazer as coisas significarem outras coisas, potencialmente perigosas. e é por isso que eu passo um mês sem atualizar o blogue.
2 comentários:
ah, o medo de significar... àqueles que não escrevem, e que, às vezes, tem medo até de falar.
terapia!
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