quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

ERA UMA VEZ o melhor poeta brasileiro, um garoto de 16 anos. era uma vez a história trágica do melhor poeta brasileiro. de madrugada, meu colega dirigiu por muitos quilometros, na área metropolitana da cidade do México, para que o melhor poeta brasileiro me mostrasse os seus rascunhos, escritos num garrancho indecifrável de caneta bic, com muitos erros de ortografia e alguns de gramática, na impossibilidade de conjugar corretamente o subjuntivo. senti minha própria inaptidão de fazer um comentário melhor do que esse, frente à certeza intimidadora das palavras do melhor poeta brasileiro.o Sol nasceu e eu ainda estava lendo, pela madrugada, com a força da chuva e a luz dos planetas. "caralho".

o rádio tocava roberto e ruido branco.

conversamos dois minutos sobre a prosa fatal, a escrita que converge peremptoriamente para a morte. conversamos sobre a impossibilidade de sobreviver à literatura. conversamos sobre a terra grudada no dedo e a cadência dos insetos venenosos. conversamos sobre a indignação generalizada. conversamos sobre tinta e papel.

o resto da noite ficou em silêncio. fechei o livro. dormi.

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