domingo, 13 de novembro de 2011

telefone sem fio


e resolvi me castigar na última viagem. Minhas coisas sempre têm a ver com recompensa ou castigo, ainda me trato como uma menina de 5 anos. Nem tanto para me punir, na maioria das vezes para me ajudar a reconhecer quando faço alguma coisa boa, ou extraordinária. Me puni: sem caneta nem papel. Nunca tinha percebido assim, na pele, a compulsão que tenho por escrever. Escrever QUALQUER coisa.

Ultimamente, comecei a fazer listas. Onze coisas que eu detesto. Cinco pratos que aprendi a fazer e gosto muito. Três piores anos da minha vida. Sete piores foras que uma pessoa pode levar. Cinco melhores filmes do Brad Pitt.

De repente, isso chegue um dia a um conhecimento singular de mundo, não sei. Não me importo, na verdade. Nem tudo o que a gente faz tem que ter um objetivo. Viver mesmo, como atividade humana, não tem um objetivo, nem, sei lá, ser feliz. Dançar. Bater bola. As pessoas continuam fazendo isso indiscriminadamente, mas escrever, por algum motivo obscuro tem que ser sofrido, tem que fazer as pessoas sentirem.

Escrever não precisa ter um objetivo específico, uma obrigação no universo. Pode simplesmente ter uma função desopilante, por exemplo. Não digo de uma forma freudiana, mas como uma maneira muito simples de organizar ideias, comunicar, passar o tempo. Como fazer crochê. Como passar horas no facebook curtindo foto de gatinho.

Ler é bom. É uma das poucas atividades que pode vir a fazer o seu cérebro desligar e estar à deriva. Uma deriva totalmente indiscriminada, aliás, você pode ler horóscopo, Thomas Mann, Sabrina (com cenas picantes), relatório de remessa de pinos de joelho, Turma da Mônica Jovem. Você pode inclusive ler tudo isso junto, num dia só, entre pausas no trabalho e idas ao banheiro. Conheci um cara que leu O Discurso sobre o Método no banheiro, não entendi o apelo, mas aí vai da pessoa…

Gosto de escrever umas frases soltas que as pessoas falam por aí. Comecei a fazer isso depois que troquei uma ideia, que chique, com o Chico Alvim, na casa dele, em Brasília. Ele me disse pra ler a poesia dele como se fosse uma pessoa falando no telefone, sem ouvir a resposta da outra.

Comecei um caderno com uma frase de uma palestra (ou de um livro) do Sergio Ciancaglini, um jornalista argentino. Ele falava de experiências portadoras de futuro (está escrito com uma caneta cinza, bem no topo da primeira página da minha caderneta, entre aspas). Agora que eu escrevi essa frase neste texto, fico pensando que todos os textos são experiências portadoras de futuro.

3 comentários:

Doda disse...

E afinal, quais são os cinco melhores filmes do Brad Pitt?

vina apsara disse...

esses aqui

Pedro Martins disse...

cadê? 2012 já começou!!