terça-feira, 12 de junho de 2012

carro

HOJE, NA VERDADE, eu não escrevi nada. Tô cheia de trabalho (viva!) e tive uma semana difícil. Así que vou ser cara de pau e postar um negócio que eu vi que tinha escrito no meu desktop. Pra vocês que são novos aqui, desculpe o dramalhão, mas os antigos já deviam estar com saudade de um autêntico vinadrama....


eu não aprendi mais nada na vida além de literatura.
não sei entrar no carro com o amor da minha vida e apreciar a paisagem: meus carros sempre batem.
numa árvore, no meio do caminho, o capô rasga, sem a menor intenção de sobrevivência e todas as coisas amassam e se quebram em pedacinhos.
o vidro cai em câmera lenta, como neve. as pessoas nunca aterrisam: ficam paradas no ar, os olhos bem abertos, de ponta cabeça, como um retrato.
todos os meus carros batem.
eu quero que você leve meu carro emprestado. pegue a chave da casa no vaso da planta, pegue a chave do carro na minha bolsa, enquanto estou dormindo na cama em que você não está.
tire o carro da garagem e vá assistir um show numa cidade aqui perto.
e no caminho passe correndo no pardal.
e no caminho bata o carro no meio fio e me ligue no seu nextel para ver se eu ainda tenho seguro.
e leia meu nome na porta do guincho e nunca mais esqueça.

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